A Zazcar, um dos maiores serviços de compartilhamento de carros no Brasil, anunciou nesta quinta-feira (28) que encerrou as operações para consumidores em São Paulo: não será mais possível alugar veículos através do aplicativo para iPhone e Android. Ela continuará existindo, mas com foco em vender sua tecnologia de carsharing. Diversas outras empresas do setor fecharam as portas no país ou passaram a atuar somente com B2B.
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"Após 10 anos de operação, tomamos a difícil decisão de encerrar, por ora, nossa operação de compartilhamento de carros ao público na cidade de São Paulo", diz a Zazcar em comunicado. "Seguiremos atuando no mercado B2B, como provedores de tecnologia de carsharing."
A Zazcar tinha uma frota de 130 carros apenas na cidade de São Paulo, contra os 120 da concorrente Turbi. Na capital paulista, a Beepbeep começou este ano com 10 veículos elétricos. Há também a Moobie, que não tem frota própria e aluga veículos de usuários participantes; e a Vamo, de carros elétricos, em Fortaleza.
O aluguel de carro compartilhado não deslanchou no Brasil. A Pegcar, que oferecia veículos nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná, encerrou as atividades no ano passado; enquanto a Fleety fechou as portas em 2017. A Parpe, que atuava em diversos estados brasileiros, agora só tem operações em Portugal.
A Olacarro possuía frota própria, mas agora está focada em vender anúncios dentro de veículos da Uber e 99. E a Urbano, que tinha compartilhamento de carro elétrico em São Paulo, passou a oferecer apenas frotas corporativas.
Zazcar tinha aluguel de carro por hora e km
O serviço da Zazcar antecede até mesmo o Uber: ele foi lançado em São Paulo no ano de 2010, oferecendo aluguel de carros através da internet. Havia modelos como Fiat Uno, Gol, Fox, Chevrolet Zafira e até o Smart da Mercedes-Benz. O usuário fazia um perfil no site e adquiria a diária, assim como em uma locadora tradicional; era necessário usar um cartão específico para destravar o veículo.
Em 2015, a empresa decidiu mudar seu modelo de atuação: ela passou a cobrar valores por hora e por quilômetro, em vez de diária; e simplificou a frota própria de carros, oferecendo apenas o Ford Ka.
Só em 2016, a Zazcar lançou um aplicativo para Android e iPhone que permitia alugar carros através de aplicativo. Então, tudo passou a ser feito pelo celular, do cadastro ao desbloqueio do carro.
Os veículos ficavam espalhados por São Paulo, principalmente na zona sul, oeste e central, em estacionamentos conveniados e abertos 24 horas por dia. Os preços começavam em R$ 8 por hora mais taxa por quilômetro rodado (R$ 0,45 a R$ 0,90). Havia também pacotes de 12, 24 e 48 horas, com cobrança por hora extra.
O serviço já incluía o seguro e o consumo de combustível; nada disso era cobrado à parte. Caso o tanque ficasse baixo, era possível reabastecer e pagar com um cartão da própria Zazcar dentro do carro.
Mais pessoas passaram a usar a Zazcar depois que a Uber chegou ao Brasil. No entanto, ela ainda tinha algumas limitações importantes: o usuário tinha que devolver o veículo ao mesmo lugar onde ele foi retirado; e precisava arcar com custos de manutenção caso danificasse o carro de alguma forma (como arranhões ou batidas).
Existem diversos serviços de aluguel de carro por hora nos EUA e na Europa; no geral, é possível pegar o veículo em um local e deixá-lo no destino, assim como um patinete ou bicicleta dockless.
Daqui para a frente, a Zazcar atuará como fornecedora de tecnologia de carsharing para outras empresas. No ano passado, ela recebeu um aporte de R$ 7,5 milhões do fundo de investimento FIP INSEED FIMA.
Inclusive, ela foi mencionada pela Amazon como um case de sucesso para o AWS (Web Services): a Zazcar passou a usar serviços na nuvem para desenvolver o próprio sistema e, dessa forma, não depender mais de uma fornecedora do Canadá.
Zazcar encerra aluguel de carro via app e mostra limites do carsharing no Brasil
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