terça-feira, 19 de novembro de 2019

Google Stadia é lançado, mas está longe de cumprir o que promete

Revolucionar o mercado de games. Não é exatamente com as mesmas palavras, mas essa é promessa do Google Stadia, plataforma de streaming de jogos que entrou oficialmente em funcionamento nesta terça-feira (19) em 14 países.

Mas é bom não ter grandes expectativas neste começo. As primeiras avaliações mostram que o serviço ainda tem muito o que evoluir para ser considerado disruptivo.

Google Stadia - joysticks

O que é o Google Stadia?

A proposta é de fácil compreensão: em vez de um console de games ou um PC gamer poderoso, tudo o que você precisa é de uma boa conexão à internet (de pelo menos 10 Mb/s ou 35 Mb/s para 4K) e de um dispositivo para acessar o jogo — um smartphone, tablet ou computador em boas condições de funcionamento, basicamente.

Então, se você tiver uma conta ativa no serviço — ainda não disponível para o Brasil —, o Google Stadia irá executar o título escolhido em seus servidores e transmitir para o seu dispositivo para que você possa jogá-lo.

Por ora, só é possível ter acesso adquirindo o pacote Premiere Edition, que custa US$ 129, mas fornece um joystick, um Chromecast Ultra para acesso ao game na TV e três meses de Stadia Pro — depois, o serviço passa a custar US$ 9,99 por mês.

A assinatura do Stadia Pro dá acesso a alguns jogos que formam a base da plataforma, mas vários títulos terão que ser comprados à parte no serviço. Mais de 40 games já foram confirmados, entre eles, o futuro Cyberpunk 2077.

O Google foi ousado nas promessas: a companhia diz que o Stadia é capaz de proporcionar ao jogador streaming com resolução máxima de 4K, 60 frames por segundo, HDR e áudio 5.1, por exemplo.

Mas o Google Stadia funciona?

Veículos que já tiveram acesso à plataforma dizem, de modo geral, que o Google Stadia realmente funciona, mas com algumas considerações. Comecemos pela mais óbvia: o número de jogos disponíveis para essa estreia é bastante limitado.

Seriam somente 12 títulos inicialmente, mas, de última hora, o Google disponibilizou mais dez, entre eles, Final Fantasy XV, Grid 2019 e Wolfenstein: Youngblood.

Google Stadia - lineup

Por enquanto, dá para fazer vista grossa para esse detalhe porque a plataforma está apenas no começo. Em contrapartida, existe uma sensação generalizada de que o Stadia ainda não está pronto — no máximo, trata-se de um serviço "beta" destinado somente a quem está disposto a se aventurar.

O que os reviews dizem sobre o Stadia?

Lendo os reviews da mídia especializada, a conclusão a que podemos chegar para esta estreia é a de que o Google Stadia realmente cumpre a promessa de fazer streaming de jogos, mas uma série de pormenores pode frustrar a experiência.

A Wired, por exemplo, diz que "mesmo sob condições ideais (acesso à internet por fibra, conexão direta ao roteador e TV OLED 4K) há uma diferença notável entre jogar um título no Stadia e executar o mesmo jogo em um dispositivo local, como um PC ou um PS4". Para o veículo, falta profundidade, clareza e nitidez nos games.

Já o The Verge destaca que o Google Stadia apresentou a melhor qualidade de imagem já vista pelo veículo em serviços de streaming de jogos, não exibindo "artefatos de compactação desagradáveis", por exemplo. Por outro lado, o veículo também notou falta de detalhamentos e limitações em texturas.

Google Stadia no Chromebook (foto: The Verge)

Google Stadia no Chromebook (foto: The Verge)

"O Google disse que o Stadia foi projetado para rodar jogos na resolução mais alta com todas as configurações habilitadas, mas claramente isso não está acontecendo aqui", completa o The Verge.

Por sua vez, o Polygon explica que os jogos rodam bem no Google Stadia, mas apresentam algumas inconsistências. No MacBook Pro, por exemplo, a experiência foi boa com Destiny 2, apesar de a qualidade da imagem ter ficado "longe dos prometidos 4K e HDR do serviço de assinatura Stadia Pro".

O veículo dá a entender que a experiência é melhor em telas menores (no caso, um Pixel 3a) e na TV (via Chromecast Ultra). "Sinto que estou sendo exigente, mas o apelo do Stadia é a liberdade de escolher quando e onde [em qual dispositivo] jogar", diz Chris Plante, autor do review do Polygon.

Gylt teve problemas para renderizar preto profundo no teste do Polygon

Gylt teve problemas para renderizar preto profundo no teste do Polygon

2020 será o ano do Stadia?

Não dá para dizer que a estreia do Google Stadia foi desastrosa. Mas, definitivamente, a plataforma não empolga. Não do jeito que está. Com base nos relatos, experimentá-la agora é como se mudar para uma casa ainda em construção: é possível morar nela, mas você precisa estar preparado para os transtornos.

A expectativa é a de que a situação melhore em 2020, quando o Stadia será lançado de verdade, digamos assim. Isso porque, em fevereiro, o Stadia Base será disponibilizado.

O Stadia Base promete ser um serviço sem pagamento mensal, mas que permitirá ao usuário comprar acesso a games avulsos para jogar em até 1080p. Se o usuário quiser mais resolução (4K) e acesso a uma lista "gratuita" de jogos, terá que pagar pelo Stadia Pro.

Enquanto isso, o clima de incerteza sobre o sucesso da plataforma permanece. Nesta estreia, percebe-se que o serviço tem potencial, mas que os desafios para que tudo funcione como o Google prometeu são enormes — latência, inconsistências gráficas e relação custo-benefício ruim são os principais problemas.

De qualquer forma, tudo indica que a intenção da companhia com este lançamento meio que "beta" visa identificar os pontos a serem melhorados. Nesse sentido, dá para manter as esperanças.

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