A israelense NSO Group, responsável por um spyware que consegue invadir celulares via WhatsApp, está sendo investigada pelo FBI. Segundo a Reuters, a agência de segurança quer saber se houve invasão a celulares de cidadãos ou empresas americanas.
Além disso, o FBI não descarta que o spyware tenha sido usado para espionar integrantes de governos ao redor do mundo. Em novembro, a Reuters informou que a NSO Group era investigada pelo WhatsApp devido à espionagem realizada por meio do aplicativo contra autoridades de mais de 20 países.
A ação teria feito vítimas em países como Emirados Árabes Unidos, Bahrein, México, Paquistão e Índia. A investigação do FBI também busca descobrir se a NSO Group obteve de alguém nos EUA os meios necessários para invadir celulares.
Conhecido como Pegasus, o principal spyware da empresa israelense pode coletar uma série de dados de smartphones. Ele consegue ativar o microfone e a câmera do aparelho, além de vasculhar mensagens e obter dados de localização.
Nos EUA, empresas que vendem soluções para ciberataques podem ser processadas com base na Lei de Fraude e Abuso de Computadores, que proíbe o acesso indevido a um computador ou a uma rede, e na Lei de Escutas, que proíbe a interceptação de chamadas e e-mails.
As acusações contra a NSO Group
Em outubro de 2019, o Facebook acusou a NSO Group de explorar uma falha no WhatsApp que permitia invadir aparelhos por meio de uma ligação pelo aplicativo. O ataque funcionava mesmo se a ligação não fosse atendida pela vítima.
A empresa teria invadido ao menos 1.400 celulares entre abril e maio de 2019 e criado várias contas falsas com números de Israel, Indonésia, Suécia, Países Baixos e Brasil. O Facebook processou a NSO Grou pela exploração da vulnerabilidade no aplicativo.
Há alguns dias, a consultoria FTI, contratada por Jeff Bezos, afirmou que o spyware da NSO Group foi usado para atacar o celular do CEO da Amazon. A ação teria acontecido por meio de outra falha no WhatsApp que permitia invadir um dispositivo por meio de um vídeo MP4.
A brecha foi corrigida em novembro de 2019, mas Bezos teria recebido o arquivo em maio de 2018. Ele teria sido enviado pelo número do príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman. Vale lembrar que Bezos é dono do The Washington Post, o mesmo em que Jamal Khashoggi, colunista e crítico do governo saudita trabalhava. Ele foi assassinado em outubro de 2018 por ordem do príncipe saudita, segundo os EUA.
Ainda de acordo com a Reuters, Bezos teria se encontrado com agentes do FBI após as acusações virem a público. A Arábia Saudita as classificou como "absurdas" e afirmou que "não conduz atividades ilícitas dessa natureza, nem as tolera". O governo saudita afirmou demonstrará que elas são "comprovadamente falsas".
O NSO Group nega as acusações feitas pro Facebook e Jeff Bezos. A empresa afirma que somente presta serviços para órgãos governamentais com o objetivo de combater o terrorismo e garante que seu spyware não consegue invadir celulares de cidadãos americanos.
FBI investiga empresa que invade celulares pelo WhatsApp
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