terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Rivais da Xiaomi no Brasil fizeram dossiê sobre celulares importados sem pagar imposto

Fabricantes concorrentes da Xiaomi no Brasil prepararam um dossiê sobre empresas que revendem celulares da marca chinesa pela internet a preços mais baixos que o oficial. As informações foram repassadas para a Secretaria Estadual da Fazenda e Planejamento de São Paulo (Sefaz-SP), que já investigava o assunto. O órgão apreendeu mais de 30 mil produtos na última quinta-feira (28), que seriam vendidos através do Mercado Livre.

Xiaomi Mi 9 Lite e Redmi 8

"Existe uma reclamação formalizada das concorrentes", disse Vitor Manuel dos Santos Alves Junior, subcoordenador da Sefaz-SP, ao UOL. "Foram reclamações de todas as outras fabricantes. Em uma reunião na Fazenda elas fizeram a reclamação e passaram um dossiê, mas sem nenhuma informação nova para nós, que já estávamos investigando."

Ele não menciona as concorrentes que fizeram o dossiê. De acordo com a Counterpoint Research, as três fabricantes que mais venderam celulares no Brasil durante o segundo trimestre de 2019 foram Samsung, Motorola e LG (que permanece em um "sólido terceiro lugar").

O subcoordenador diz que a investigação não foi concentrada na Xiaomi, porém "a maior ocorrência de fraude envolve produtos dessa fabricante chinesa". Empresas de marketplace vendem celulares pela metade do preço cobrado pela representante oficial, a DL Eletrônicos, "mas o produto só chega com esse valor porque não recolhe impostos".

Celulares da Xiaomi vêm do Paraguai, diz investigação

A investigação da Sefaz durou quatro meses, analisando discrepâncias em notas fiscais eletrônicas e em declarações de importação. Os produtos vinham da fronteira com o Paraguai sem qualquer documentação, e eram revendidos por empresas de fachada para "esquentar" a operação.

Essas empresas são chamadas de "noteiras". O subcoordenador diz que isso é feito "muito provavelmente por uma exigência do marketplace para poder armazenar a mercadoria lá; essa operação precisa estar coberta por nota fiscal".

Xiaomi

Há também algumas empresas que dizem ter importado mercadorias em portos e aeroportos de outros estados, especialmente de Rondônia e Alagoas, para pagar menos ICMS. Eles podem ter sonegado cerca de R$ 62 milhões em impostos.

Na megaoperação, a Sefaz apreendeu mais de 30 mil itens com valor estimado em R$ 3 milhões. Isso inclui tablets, cerca de 200 celulares e mais de 1.000 smartwatches "de uma fabricante chinesa". O órgão não pode citar o nome da Xiaomi por motivos jurídicos, mas as fotos da apreensão mostram celulares como o Mi 9T e Redmi Note 8 Pro.

Um dos alvos da operação foi "a plataforma de comércio eletrônico de uma empresa especializada e muito conhecida no ramo", de acordo com a Sefaz. Novamente, o órgão não pode falar o nome; segundo o UOL, trata-se do Mercado Livre.

Logotipo da DL aparece em foto da megaoperação

Uma das fotos mostra caixas com o logotipo da DL Eletrônicos, e um comunicado da Sefaz afirma que um dos alvos da operação foi "a representante no Brasil da fabricante chinesa de aparelhos eletrônicos".

O órgão explica ao Tecnoblog que "os nomes dos contribuintes alvos da operação são acobertados por sigilo fiscal". A DL não respondeu ao nosso contato, mas diz ao UOL que não tem conhecimento sobre o assunto.

Xiaomi Mi 9 SE

Com informações: UOL.

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