terça-feira, 24 de dezembro de 2019

App de entregas Glovo foi usado para transportar drogas na Argentina

Serviços como Glovo e Rappi afirmam entregar qualquer coisa, mas há itens que não podem ser transportados por motivos óbvios. Ou pelo menos deveria ser assim: na Argentina, trabalhadores vinculados a essas plataformas têm se queixado de pedidos que envolvem entrega de drogas.

Glovo

É claro que os termos de uso dos serviços de entrega por aplicativo proíbem o transporte de substâncias ilícitas ou de qualquer produto ilegal. O problema é que, quando pedidos suspeitos são identificados pelos entregadores, nem sempre eles recebem a orientação adequada sobre como agir.

Amy Booth, jornalista que escreve sobre a América Latina para veículos como The Guardian e Vice, descreve o caso de Javier Rojas, entregador que atua em Buenos Aires: em julho, ele retirou uma caixa que deveria ter suplementos vitamínicos, mas percebeu que a embalagem estava surrada e cheirava a maconha.

Em vez de seguir com a entrega, Rojas parou a moto a cinco quarteirões do endereço de destino e enviou mensagem ao suporte da Glovo perguntando sobre o que fazer.

Por telefone, o entregador foi orientado a devolver a caixa à origem, mas ele manifestou medo de sofrer algum tipo de retaliação. Depois, a Glovo o orientou a levar a embalagem ao destino, mas Rojas se recusou novamente.

"Entrego isso para a pessoa e encontro dois policiais esperando lá. Sou eu quem carrega a responsabilidade, não a empresa. A empresa lava as suas mãos", disse a Booth. Depois de mais de uma hora se recusando a fazer a entrega ou a devolver o "produto", Rojas foi autorizado a jogar a caixa fora.

A ASIMM, sindicato que reúne motociclistas, mensageiros e entregadores na Argentina, diz que o caso de Javier Rojas não é isolado. Houve cerca de dez denúncias de situações parecidas desde 2018. O número de casos pode ser muito maior: não são todos os entregadores que têm coragem de formalizar uma denúncia.

Rappi / como cancelar pedido rappi

Certamente, esse tipo de problema não se limita à Argentina. Mas existe um agravante por lá: sobretudo em Buenos Aires, a maior parte dos entregadores é composta por estrangeiros, como venezuelanos; se forem pegos entregando drogas, eles terão dificuldades para fixar residência no país e, claro, poderão ir para a prisão.

Para a ASIMM, plataformas como Rappi e Glovo não são um braço do narcotráfico, mas têm brechas em seus procedimentos que dão abertura para esse tipo de atividade.

Procurada, a Glovo informou que o uso de sua plataforma para transporte de substâncias ilícitas é estritamente proibido e que denuncia atividades suspeitas às autoridades locais. A empresa também diz que orienta os entregadores a reportarem pedidos aparentemente ilegais.

Enquanto isso, a ASIMM tenta enquadrar plataformas como Rappi e Glovo no registro de provedores de serviços postais da Argentina. Com isso, os entregadores teriam a mesma proteção legal dos trabalhadores dos correios: eles não precisam conhecer o conteúdo das entregas e, portanto, não são responsabilizados por pacotes ilegais.

O problema é que o assunto está travado: atualmente, a discussão gira em torno do reconhecimento ou não dos entregadores de aplicativos como funcionários das plataformas.

App de entregas Glovo foi usado para transportar drogas na Argentina


App de entregas Glovo foi usado para transportar drogas na Argentinapublicado primeiro em https://tecnoblog.net

Nenhum comentário:

Postar um comentário