O ToTok (não confunda com o TikTok) é um aplicativo de mensagens com uma interface que se parece com a do WhatsApp e estava se tornando popular, principalmente nos Emirados Árabes Unidos, onde foi desenvolvido. Mas ele foi banido tanto na App Store quanto no Google Play após ser acusado de servir como uma ferramenta de espionagem do governo emiradense.
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O New York Times publicou no domingo (22) uma reportagem alegando que o ToTok “é usado pelo governo dos Emirados Árabes Unidos para tentar monitorar todas as conversas, movimentos, relacionamentos, compromissos, sons e imagens daqueles que o instalam em seus celulares”. Segundo o jornal, oficiais dos Estados Unidos também estavam cientes do problema e corroboraram a informação.
A maioria dos usuários do ToTok, que foi instalado milhões de vezes em celulares com Android e iOS, era dos Emirados Árabes Unidos — mas ele também chegou a ser usado por pessoas da Europa, Ásia, África, América do Norte e outros países do Oriente Médio. Além disso, na semana passada, o ToTok figurou como um dos mais baixados nas lojas de aplicativos nos Estados Unidos.
Tanto a Apple quanto o Google baniram o ToTok de suas lojas depois da investigação — ele não pode mais ser baixado, mas quem já tinha o aplicativo instalado no smartphone poderá continuar usando o aplicativo. De acordo com o New York Times, não se sabe quando os órgãos de inteligência dos Estados Unidos ficaram sabendo da ameaça, mas aliados dos americanos chegaram a ser alertados do ToTok.
O caso chama a atenção porque é uma nova forma de espionagem criada por um governo. Não é novidade que órgãos de inteligência do mundo todo tentam monitorar cidadãos por meio da exploração de brechas de segurança (algumas criadas propositalmente), mas a abordagem de desenvolver um aplicativo funcional e aparentemente legítimo com essa finalidade é algo raro de se ver.
Esta pode até ter sido uma forma mais barata de praticar espionagem: ferramentas que hackeiam celulares Android chegam a ser vendidas por até US$ 2,5 milhões, enquanto o ToTok tende a ser menos custoso, já que o governo emiradense se baseou em um aplicativo existente, o chinês YeeCall, só que personalizado especialmente para coletar dados como localização, calendários, microfones, câmeras e outros dados dos celulares das pessoas.
Smartphones já eram ótimas ferramentas de vigilância em massa. Agora, parece que os governos estão chegando a um novo patamar.
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