Até mesmo quem não é fã de esportes já ouviu falar na famosa corrida de 42km chamada “maratona”. Para os profissionais, correr nessa modalidade é algo ao qual eles se preparam por anos, cuidando da alimentação, fazendo exames e treinando o corpo e a mente para alcançar a melhor performance. E entre os milhares de esportistas que se dedicam a completar a prova, alguns nomes se destacam, como é o caso de Eliud Kipchoge, que, no último fim de semana, conseguiu o que nenhum outro ser humano conseguiu: cruzar a linha de chegada de uma maratona em menos de 2 horas!
Seu desempenho foi notável e mudou para sempre a história da corrida. No entanto, mesmo assim, o tempo de 1h59min40s2 do queniano não poderá ser contado como recorde, uma vez que a prova não era oficial, e sim um evento inteiramente montado e financiado para que o resultado, de fato, ocorresse. Vamos explicar melhor o que aconteceu ao longo deste texto.
As origens da Maratona
Reza a lenda que o esporte recebeu esse nome em tributo ao soldado Fidípides, que morreu de exaustão após ir de Maratona a Atenas para entregar a mensagem de que os atenienses haviam ganhado a batalha contra os persas. Adivinha a distância entre as cidades? Sim, pouco mais de 40 km.
A fábula acabou servindo para justificar o nome, mas a verdade é que há registros de corridas de longa distância sendo praticadas centenas de anos antes, no Egito. Há relatos de que o rei de Cuxe organizava corridas de 100 km para que seu exército ficasse em forma e com bom preparo físico. Atualmente, organizadores esportivos dão vida a essa tradição com a corrida “Pharaonic 100km”, a ultramaratona na qual os participantes devem realizar o percurso entre a pirâmide de Hawara (Faium) e as pirâmides de Saqqara (Cairo).
Seja qual for a realidade por trás de toda essa história, o fato é que Fidípides acabou sendo homenageado, em 1896, com a criação da prova de corrida de longa distância nos Jogos Olímpicos da Era Moderna.
O recorde mundial da Maratona
Muitos anos se passaram, a modalidade evoluiu e ganhou até uma federação para estabelecer regras, fiscalizar, garantir autenticidade e premiar, a IAAF (International Association of Athletics Federations ou, em português, Federação Internacional de Atletismo). Os recordes só passaram a ser reconhecidos e validados pela instituição a partir de 2004 e devem estar de acordo com um conjunto específico de normas.
Para dar um exemplo de como as regras são rígidas, em 2011, numa prova em Boston, Geoffrey Mutai conseguiu a melhor marca mundial de uma maratona, com o tempo de 2h3min2s. A IAAF até reconheceu, mas não deixou que entrasse como recorde, oficialmente, porque a distância entre a partida e a chegada ultrapassava o permitido pela federação e a topografia tinha um desnível entre o início e o fim também acima do que devia. Mas, como estamos falando de um “super-humano”, o atual recorde mundial ainda é de Eliud, que finalizou a prova de Berlim, em 2018, em 2h01min39s.
Por que o recorde de Maratona em Viena não é válido?
Lembra quando falamos no começo do texto sobre o tempo conseguido por Eliud Kipchoge no INEOS 1:59 Challenge, em Viena, não ser considerado recorde pela IAAF? Então, para começar, a corrida não era oficial; além disso, diversos fatores que são preocupação constante para os corredores profissionais não precisaram ser levadas em conta pelo queniano, já que ele contou com: 41 coelhos para barrar o vento e estimular o pace ideal, laser que traçava a posição ideal que ele deveria estar naquele momento, nenhum adversário, trajeto totalmente plano, calçado Vaporfly – tênis especial criado pela Nike que melhora a impulsão e diminui o gasto energético – e temperatura ideal de 9ºC.
Eliud Kipchoge, qual é a sua história?
Embora não tenha sido reconhecido oficialmente, o feito foi histórico e indelével. E Eliud era, sem dúvida, a aposta mais certeira para conseguir realizar o que estava sendo proposto: finalizar uma maratona em menos de 2 horas. O queniano foi campeão mundial (2003) e olímpico (2016) e vencedor das maratonas de Chicago e Roterdã, em 2014, e Londres e Berlim, em 2015.
O seu histórico insuperável fez com que Jim Ratcliffe, fundador da empresa de produtos químicos Ineos e apoiador da tentativa de realizar o marco, escolhesse ele para o “trabalho” que, no fim das contas, foi um sucesso!
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