Mark Zuckerberg fez um discurso de 40 minutos nesta quinta-feira (17) na Universidade de Georgetown sobre a liberdade de expressão: o cofundador do Facebook disse que a China está construindo uma internet própria com valores bem diferentes dos EUA, e criticou a censura imposta pelo governo e seguida pelos apps locais. A rede social não atua no país, assim como o Instagram e o WhatsApp.
Zuckerberg dá a entender que está preocupado com o futuro da internet global por causa da China, que está exportando suas práticas na rede para outros países. “Até recentemente, a internet em quase todos os países fora da China era definida por plataformas americanas com fortes valores de livre expressão”, diz o executivo. “Não há garantia de que esses valores vencerão.”
O CEO do Facebook nota que, há uma década, quase todas as principais plataformas da internet eram dos EUA. Hoje, seis das dez primeiras vêm da China; isso inclui a Tencent, o Alibaba e o Baidu, por exemplo.
“Enquanto nossos serviços, como o WhatsApp, são usados por manifestantes e ativistas em todos os lugares devido a fortes proteções de criptografia e privacidade, no TikTok, o aplicativo chinês que cresce rapidamente em todo o mundo, as menções a esses protestos são censuradas, mesmo nos EUA”, afirma Zuckerberg. “Essa é a internet que queremos?”
Na semana passada, o jornal The Guardian obteve as diretrizes de moderação de conteúdo do TikTok. O documento proíbe críticas ao governo chinês e a “demonização ou distorção da história local ou de outros países”, como o Massacre da Praça da Paz Celestial (Tiananmen).
A ByteDance, dona do aplicativo, alega que essas diretrizes são antigas e que as decisões de moderação para usuários fora da China são tomadas por uma equipe com sede nos EUA. “O governo chinês não solicita que o TikTok censure conteúdo e não teria jurisdição para isso, pois o TikTok não opera lá”, diz a empresa.
Há um detalhe importante nessa história: o TikTok realmente não está disponível na China, mas tem um equivalente idêntico chamado Douyin. Ele tem a mesma interface e até o mesmo logotipo, mas opera em servidores diferentes para atender à censura do governo chinês.
Facebook tem “mais liberdade para falar” contra a China
Facebook, Instagram e WhatsApp são bloqueados na China. Zuckerberg tentou operar esses serviços no país, por acreditar “em conectar o mundo inteiro” e por achar que seria possível “ajudar a criar uma sociedade mais aberta”. No entanto, ele não conseguiu chegar a um acordo com o governo local. “Agora temos mais liberdade para falar, para defender os valores nos quais acreditamos, e para lutar pela liberdade de expressão em todo o mundo”, diz o executivo.
Nem sempre foi assim, como nota o Mashable. Um dos desafios de ano novo de Zuckerberg foi aprender mandarim como uma forma de se aproximar dos chineses. Segundo o New York Times, o Facebook preparava em 2016 uma “ferramenta de censura” pensada para a China.
Mas, no ano passado, o executivo deixou claro que mudou de ideia, e disse que dividir o Facebook em várias empresas poderia deixar as concorrentes chinesas ainda mais poderosas.
Com informações: The Verge, Mashable.
Mark Zuckerberg critica China e TikTok por censura na internet
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