As regras do Facebook proíbem explicitamente “organizações ou indivíduos que anunciem uma missão violenta ou que estejam envolvidos em violência”, incluindo discurso de ódio. No entanto, a empresa ganhou muito dinheiro com anúncios desses grupos.
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Segundo o Sludge, o Facebook recebeu US$ 1,6 milhão dos chamados grupos de ódio entre maio de 2018 e setembro de 2019. O levantamento foi feito a partir da biblioteca de anúncios da rede social, que indica quem pagou e quanto custou cada anúncio político exibido aos usuários.
No período analisado, 38 organizações ou figuras de ódio pagaram para exibir 4.921 anúncios. Entre os autores, estão quem classifica a imigração sem documentos como invasão e que defende até mesmo a execução de pessoas LGBTQs.
Para determinar quais seriam grupos de ódio, a reportagem usou a definição do Southern Poverty Law Center (SPLC), que os define como organizações com “crenças ou práticas que atacam ou prejudicam uma classe inteira de pessoas, geralmente por suas características imutáveis”.
O Facebook define discurso de ódio como “um ataque direto a pessoas com base no que chamamos de características protegidas: raça, etnia, nacionalidade, filiação religiosa, orientação sexual, casta, sexo, gênero, identidade de gênero e doença ou deficiência grave”. A empresa também prevê proteções para o status migratório.
Ainda assim, o levantamento indica que os maiores gastos com anúncios de ódio são feitos por grupos anti-imigração. Desde maio de 2018, a rede social ganhou US$ 959 mil de dez grupos que agem em defesa dessa pauta.
Cerca de US$ 910 mil foram gastos por apenas uma delas. O fundador e outros membros da organização são ligados a movimentos supremacistas brancos e têm usado as redes sociais para disseminar posições extremistas. O grupo também investiu US$ 917 mil no Twitter e US$ 90 mil no YouTube.
O Facebook recebeu ainda cerca de US$ 542 mil de grupos anti-LGBTQ (sendo US$ 392 mil de somente uma organização) e, US$ 69 mil de grupos com discurso anti-muçulmano (US$ 55 mil vieram de um grupo, apenas).
Ao Sludge, a empresa afirmou que tem melhorado sua identificação de discurso de ódio para depender menos de denúncias dos usuários. No último trimestre de 2017, a detecção proativa chegou a 24% das publicações que violavam a regra. No primeiro trimestre de 2019, a taxa ficou em 65%.
Mas, apesar de identificar posts que violam as regras, o Facebook não exclui todas as páginas que os publicaram, como prevê em suas regras. Segundo a empresa, há processo demorado em que consulta várias organizações e especialistas para identificar os grupos de ódio.
“Estudamos continuamente as tendências do ódio organizado e do discurso de ódio e trabalhamos com parceiros para entender melhor como eles evoluem”, afirmou um porta-voz do Facebook. “Estamos analisando o conteúdo sinalizado [pela reportagem] e agindo contra quaisquer postagens ou anúncios que violam nossas políticas”.
Facebook recebeu US$ 1,6 milhão com anúncios de grupos de ódio
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