sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Facebook recebeu US$ 1,6 milhão com anúncios de grupos de ódio

As regras do Facebook proíbem explicitamente “organizações ou indivíduos que anunciem uma missão violenta ou que estejam envolvidos em violência”, incluindo discurso de ódio. No entanto, a empresa ganhou muito dinheiro com anúncios desses grupos.

Facebook

Segundo o Sludge, o Facebook recebeu US$ 1,6 milhão dos chamados grupos de ódio entre maio de 2018 e setembro de 2019. O levantamento foi feito a partir da biblioteca de anúncios da rede social, que indica quem pagou e quanto custou cada anúncio político exibido aos usuários.

No período analisado, 38 organizações ou figuras de ódio pagaram para exibir 4.921 anúncios. Entre os autores, estão quem classifica a imigração sem documentos como invasão e que defende até mesmo a execução de pessoas LGBTQs.

Para determinar quais seriam grupos de ódio, a reportagem usou a definição do Southern Poverty Law Center (SPLC), que os define como organizações com “crenças ou práticas que atacam ou prejudicam uma classe inteira de pessoas, geralmente por suas características imutáveis”.

O Facebook define discurso de ódio como “um ataque direto a pessoas com base no que chamamos de características protegidas: raça, etnia, nacionalidade, filiação religiosa, orientação sexual, casta, sexo, gênero, identidade de gênero e doença ou deficiência grave”. A empresa também prevê proteções para o status migratório.

Ainda assim, o levantamento indica que os maiores gastos com anúncios de ódio são feitos por grupos anti-imigração. Desde maio de 2018, a rede social ganhou US$ 959 mil de dez grupos que agem em defesa dessa pauta.

Cerca de US$ 910 mil foram gastos por apenas uma delas. O fundador e outros membros da organização são ligados a movimentos supremacistas brancos e têm usado as redes sociais para disseminar posições extremistas. O grupo também investiu US$ 917 mil no Twitter e US$ 90 mil no YouTube.

O Facebook recebeu ainda cerca de US$ 542 mil de grupos anti-LGBTQ (sendo US$ 392 mil de somente uma organização) e, US$ 69 mil de grupos com discurso anti-muçulmano (US$ 55 mil vieram de um grupo, apenas).

Ao Sludge, a empresa afirmou que tem melhorado sua identificação de discurso de ódio para depender menos de denúncias dos usuários. No último trimestre de 2017, a detecção proativa chegou a 24% das publicações que violavam a regra. No primeiro trimestre de 2019, a taxa ficou em 65%.

Mas, apesar de identificar posts que violam as regras, o Facebook não exclui todas as páginas que os publicaram, como prevê em suas regras. Segundo a empresa, há processo demorado em que consulta várias organizações e especialistas para identificar os grupos de ódio.

“Estudamos continuamente as tendências do ódio organizado e do discurso de ódio e trabalhamos com parceiros para entender melhor como eles evoluem”, afirmou um porta-voz do Facebook. “Estamos analisando o conteúdo sinalizado [pela reportagem] e agindo contra quaisquer postagens ou anúncios que violam nossas políticas”.

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