Parece que foi ontem que eu escrevia um artigo explicando as novidades do protocolo HTTP/2 — que chegou em 2015, longos 16 anos depois do HTTP/1.1. Mas a próxima geração da tecnologia que funciona como base da World Wide Web, batizada de HTTP/3, já está se espalhando e acaba de ganhar o apoio de três gigantes da internet para incentivar sua adoção: Cloudflare, Google e Mozilla.
Como funciona o HTTP/3
O HTTP/3 melhora principalmente a velocidade de carregamento dos sites e a segurança das conexões. Ele estava sendo desenvolvido desde 2016 e é baseado no QUIC, um padrão aberto criado pelo Google — por isso, até novembro de 2018, o novo protocolo era conhecido oficialmente como HTTP-over-QUIC.
E o que muda? Basicamente, uma das camadas de transporte de dados: o TCP (Transmission Control Protocol), que era utilizado desde a primeira versão do HTTP, é substituído pelo QUIC, que se baseia no UDP (User Datagram Protocol). Calma, eu explico.
Enquanto o TCP envia um pacote de dados e também recebe informações de volta para se certificar de que a transmissão ocorreu corretamente, o UDP simplesmente faz o envio sem se preocupar com a verificação dos dados — em caso de erro, ele finge que nada aconteceu e manda o próximo pacote, sendo que o anterior não pode mais ser recuperado. Isso torna o UDP mais rápido que o TCP, mas diminui a confiabilidade das informações.
É aí que entra o QUIC: ele adiciona uma camada extra ao UDP com funcionalidades como retransmissão de pacotes, controle de congestionamento e outras características do TCP, mantendo a velocidade. Com isso, um pacote enviado através do QUIC será sempre recebido pela outra ponta, cedo ou tarde, desde que a conexão permaneça ativa. A tecnologia já é usada em produtos como o Google Duo para reduzir a latência das chamadas em vídeo.
Cada fluxo de QUIC compartilha uma mesma conexão e é entregue ao usuário de forma independente, por isso, uma perda de pacote não afeta os próximos que virão. Sabe quando você abre uma página da web e, de repente, o carregamento trava por alguns segundos? Uma possível causa é que um dos pacotes enviados pelo TCP chegou corrompido — e, como o TCP precisa fornecer os dados na ordem exata, os pacotes em seguida são retidos até que o problemático seja entregue corretamente, atrasando toda a conexão.
Outra característica do QUIC é que o método antigo de transmissão de dados do HTTP, que consistia em enviar informações em texto puro, não existe mais — ainda é possível servir páginas inseguras por meio do HTTP/2, embora sejam raras. Todas as conexões em HTTP/3 serão feitas por meio de URLs https:// e sempre criptografadas com TLS 1.3. Requisições para endereços http:// não serão mais atendidas pelo novo protocolo.
Muito bom, só falta ser adotado em larga escala: o HTTP/3 estava presente em apenas 2,9% dos sites até setembro de 2019.
Cloudflare, Google e Mozilla adotam HTTP/3
O Cloudflare anunciou na quinta-feira (26) que o HTTP/3 agora é suportado em sua rede — que é composta por mais de 20 milhões de sites com uma audiência diária de mais de 1 bilhão de IPs. A novidade já começou a ser distribuída aos clientes que haviam entrado em uma lista de espera e estará disponível para todos os usuários “em um futuro próximo”, diz a empresa.
O Google Chrome passou a suportar o HTTP/3 em sua última versão Canary. É necessário iniciar o navegador com os argumentos “–enable-quic” e “–quic-version=h3-23” — aqui tem uma explicação de como fazer isso. Nas ferramentas de desenvolvedor, o HTTP/3 será identificado como “http2+quic/99”. Uma versão do Mozilla Firefox com suporte ao HTTP/3 será liberada “em breve”.
Você pode conhecer mais detalhes do HTTP/3 nesta página.
HTTP/3 está chegando para tornar sua internet mais rápida e segura
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