Hospitais na Itália estão lotados de pacientes infectados pelo novo coronavírus. A sobrecarga de atendimentos em um hospital de Brescia, no norte do país, levou ao esgotamento das válvulas usadas em máscaras respiradoras. Por sorte, uma dupla conseguiu repor as peças fabricando-as em impressoras 3D.
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Respiradores são essenciais para pacientes que, em função do Covid-19, têm dificuldades para obter oxigenação naturalmente. Esses equipamentos são tão importantes para o enfrentamento do problema que o governo brasileiro considera vetar a exportação de unidades fabricadas em território nacional para diminuir o risco de escassez nos hospitais do país.
Na Itália, o hospital de Chiari enfrenta uma demanda tão grande por máscaras respiradoras que o estoque de uma válvula usada nesse tipo de equipamento acabou rápido.
Ao buscar por mais unidades, o hospital recebeu a informação de que o fornecedor também estava sem estoque e que não seria possível produzir mais peças em tempo hábil.
Correndo contra o tempo, o hospital buscou uma solução alternativa que, felizmente, não tardou a aparecer: a dupla Cristian Fracassi e Alessandro Ramaioli, da startup italiana Isinnova, aceitou disponibilizar uma impressora 3D da empresa para produzir réplicas das válvulas.
O momento de alívio foi abalado quando a dupla entrou em contato com a fabricante das válvulas solicitando o projeto da peça para que eles pudessem imprimir as réplicas rapidamente. A empresa não só negou o envio do projeto como teria ameaçado processar Fracassi e Ramaioli por violação de patentes — a ameaça de processo foi desmentida posteriormente.
Apesar dos obstáculos, a dupla seguiu em frente. Eles conseguiram, em cerca de três horas, reproduzir a válvula em um modelo tridimensional para iniciar a fabricação das réplicas com urgência na impressora 3D.
Deu certo. Quando ficou claro que a réplica era eficaz, mais unidades foram produzidas. No dia 14 de março, pelo menos 10 pacientes já haviam tido acesso aos respiradores graças às válvulas impressas.
Como a demanda continuava aumentando e a impressora da Isinnova levava cerca de uma hora para imprimir cada válvula, a Lonati, empresa italiana especializada em impressão 3D, assumiu a produção das unidades faltantes. Em vez de filamento, como no equipamento da Isinnova, a impressora da Lonati usa como matéria-prima um pó plástico que permite impressões mais rápidas.
As réplicas não têm a mesma qualidade das válvulas originais, mas possibilitaram que os pacientes que precisavam dos respiradores com urgência fossem atendidos, tanto que outros hospitais italianos já solicitaram o fornecimento de unidades feitas em impressoras 3D.
Intenção não é lucrar com réplicas
O assunto teve tanta repercussão que Cristian Fracassi usou o Facebook para explicar que ele e Alessandro Ramaioli agiram apenas com o intuito de salvar a vida dos pacientes que estavam em perigo por conta da falta de válvulas para os respiradores.
"As pessoas iam morrer, mas nós apenas cumprimos nosso dever. De fato, recusar [a impressão das réplicas] não seria um ato covarde, mas assassino", diz Fracassi.
Na mesma nota, o empresário explica que não tem intenção de lucrar com essa situação: "não vamos usar os designs ou o produto além daquilo que é estritamente necessário, não temos a intenção de divulgar o projeto [da válvula]".
Fracassi preferiu não comentar os custos das réplicas. Circula a informação de que cada unidade custa € 1, mas o empresário diz que não é fácil estabelecer um valor porque há vários fatores envolvidos nessa conta, como gastos com materiais, energia e mão de obra. O que se sabe é que os custos foram assumidos pela Isinnova e a Lonati.
Com informações: Business Insider Italia, 3D Printing Media Network.
Válvula impressa em 3D ajuda pacientes que precisavam de respirador
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