Quebrando a rotina de lançamentos quase que bimestrais da linha Moto One, o Moto G8 Power chegou ao Brasil mais ou menos um ano depois do Moto G7 Power. Ele tem tela maior, com mais resolução, processador mais novo, mais RAM, mais câmeras na parte traseira, mantém a mesma capacidade generosa de bateria e fez uma visita no departamento que cuida do visual dos Moto One mais recentes.
Vem comigo que eu te explico, nos próximos parágrafos, se a quantidade bacana de “mais” que acabei de falar é realmente uma evolução interessante e, principalmente, se o Moto G8 Power vale o que custa.
Análise do Moto G8 Power em vídeo
Design
Se você já viu o review do Motorola One Macro, não encontra muita diferença por aqui, ao menos por fora. O Moto G8 Power segue o mesmo visual da parte traseira, com as câmeras em forma de ponto de exclamação invertido, mas muda o notch para um furo do lado direito, enquanto que o One Macro vai de notch em formato de gota, que é o formato que mais me agrada por ficar mais centralizado e não jogar as notificações mais para um lado do que do outro.
O leitor de impressões digitais também fica no mesmo lugar e ele é rápido, tão rápido quanto outros aparelhos que apostam neste leitor biométrico com hardware visível, ao contrário dos que deixam abaixo da tela.
A borda é de alumínio e a traseira de plástico, mas não do tipo que passa sensação de fragilidade. Na verdade ele engana bem que é vidro, seja na beleza, no toque ou mesmo na facilidade de agrupar todas as suas digitais. Sorte que, neste modelo que recebemos pra teste, a cor escura ajuda na hora de todas elas ficarem menos visíveis.
Uma capa protetora acompanha a caixa do G8 Power, que é simples o suficiente pra que você não precise sair correndo atrás de uma capa mais firme, ou mais colorida depois de comprar o celular. A entrada do cabo USB é USB-C e um ponto positivo fica na existência da entrada pra fones de ouvido.
Agora, o ponto negativo, ao menos pra algumas pessoas, fica na gaveta do SIM Card. Ela é híbrida e isso significa que você precisa escolher entre ter duas linhas ou ter memória expandida. Um ponto curioso é que a Motorola colocou instruções sobre como abrir e colocar o que você quer escolher para essa gaveta. Isso é raro e pode ajudar quem fica perdido na hora de trocar o SIM Card.
Ah, sim, o Power do nome deste Moto G significa que ele tem mais bateria e isso faz o corpo ficar gordinho. É visível que ele é assim, seja pelo calombo bem menos saltado nas câmeras ou pela tela que fica um pouco para cima, saindo da curvatura lateral das bordas.
Atrapalha? Não, de forma alguma. Ter mais gordura para dar mais bateria é algo positivíssimo e, neste caso, o volume no bolso não incomoda em momento algum. Quer um comparativo? O Moto G8 Plus, que tem 4.000 mAh, tem apenas 9 gramas a menos de peso e é meio milímetro mais fino.
Tela
Já que falei de tela, vamos lá. Ela tem 6,4 polegadas e trabalha com painel IPS LCD com resolução Full HD+ ou 2.300 x 1.080 pixels. Ela segue o bom trabalho que a linha Moto G já vem fazendo faz tempo. Isso significa que cores são muito bem reproduzidas, mas eu senti que de fábrica o Moto G8 Power vem com configuração para menos saturação, o que é perfeitamente configurável dentro do menu de ajustes.
Ângulos de visão são generosos e, mesmo bem de lado, é raro ver alguma aberração cromática aparecendo. E, por fim, o brilho não se mostrou ruim mesmo em ambientes muito ensolarados. Quando no máximo, o conteúdo era visível mesmo na praia, com sol - claro que este “visível” é para um padrão de um LCD sem esteroides, ok? Um AMOLED sempre será melhor neste cenário.
Software
Falar de um Moto G é meio que repeteco da geração anterior e isso tem um ponto positivo e outro negativo. O positivo é que isso significa que se você comprou o primeiro Moto G e vem agora trocar de celular, não vai sofrer com uma interface completamente diferente. Tem até um segundo ponto positivo, que está na limpeza do Android 10 que existe por aqui, que é quase que o Android puro do Google, com alguns pouquíssimos apps pré-instalados.
As alterações ficam nas bem-vindas funções de atalho para abrir a câmera ao girar o celular como um acelerador de moto, ligar a lanterna com um golpe de karatê, captura de tela com três dedos no display, ou até diminuir a interface para ficar menos difícil alcançar o que fica na parte de cima.
Tem um widget redondo que serve como indicador de bateria, de relógio e previsão do tempo. Ele é redundante em duas funções, já que relógio fica sempre no topo da tela e o indicador de bateria também. Seria legal poder usar somente a parte que mostra a previsão do tempo. A parte negativa é justamente a falta de inovação, a falta de soluções embarcadas para mais momentos da vida.
Para não falar que é mais do mesmo faz tempo, existe um Moto Audio que regula configurações de som do aparelho. Ele ajusta automaticamente a saída de áudio, que é estéreo, bem alta e é certificado pela Dolby. Faz sentido só pra quem está de fone e com fone bom, mas tá lá.
Tudo isso que falei é controlado pelo Android 10, o que é ótimo sinal. Já o desempenho de abertura dos aplicativos não foi dos melhores, mesmo com um Snapdragon 665 como processador e com 4 GB de RAM. Ele é condizente com o esperado para um intermediário sem pretensões de ser forte, mas eu já senti mais velocidade entre tocar em um botão e abrir o app em outros Moto G anteriores, mesmo em modelos sem sufixo Power ou Plus.
Em jogos a situação foi curiosa. Primeiro testei Brawl Stars, que rodou bem e sem qualquer dificuldade na vida. Depois Asphalt 9 entrou na lista e digamos que ele não se sentiu muito bem. Mesmo com gráficos no médio, a sensação era de taxa de quadros por segundo entre 15 e 20, o que piora consideravelmente quando os gráficos vão pro máximo.
Breakneck rodou liso, numa boa, sem engasgos e isso com os gráficos no máximo. O mesmo aconteceu com PUBG Mobile, mas com os gráficos no máximo que o game permite a GPU Adreno 610 rodar, o que significa um passo acima do mínimo. Você pode tentar aumentar, mas o jogo impede. Ao menos rodou com fps claramente acima de 30 e isso é crucial em qualquer Battle Royale.
Na câmera o desempenho pouco abaixo do esperado ficou mais evidente.
Câmera
O problema acontece na troca de lentes, que geralmente toma dois segundos do seu tempo. Parece exagero, mas imagina uma situação onde você quer aproximar a cena para lente de zoom, e tem que esperar dois segundos para poder fazer a foto. A coisa andou e o objeto saiu de cena. O mesmo acontece para qualquer outra mudança para qualquer lente.
Ok, falando nelas, são quatro por aqui. A maior, separada do semáforo, é a ultrawide de 8 megapixels e abertura f/2,2, a logo abaixo é a principal, com o dobro de resolução e abertura f/1,7, seguida da lente para macro, com míseros 2 megapixels, para depois chegar na telefoto com zoom óptico de duas vezes e que tem abertura de f/2,2, a mesma da macro.
O resultado é ótimo com boas condições de luz, mais ou menos como faz a maioria dos intermediários de hoje. Cores são bem registradas, com um extra em mais saturação em fotos com a ultrawide e que tendem a ficar melhores, mesmo que com uma distorção nas bordas bastante visível.
As fotos macro são legais, mas sofrem do mesmo problema do One Macro, que é a resolução abaixo do mínimo para qualquer coisa. Dá para publicar nos stories e ficar bacana? Dá, mas para algo além disso a falta de detalhes grita aos olhos. Ao menos o foco é mais inteligente e pula menos do que o que senti lá no One Macro.
De noite a qualidade cai em todas as fotos. Luzes sempre ficam estouradas, mesmo com abertura de f/1,7 da lente principal. O granulado fica visível nas fotos ultrawide e em alguns momentos o Moto G8 Power parece ter miopia e teimosia.
A miopia fica em fotos que você jura que estavam focadas, mas que no final ficam com foco perdido, enquanto que a teimosia está no tocar da tela para fazer o foco e, no meio segundo depois que você levantou o dedo e foi até o botão pra tirar a foto, o foco é refeito e vai para outro lugar.
Já a câmera frontal tem 16 megapixels e abertura de f/2,0. É mais do que o suficiente pra qualquer rede social, com selfies muito boas. O modo de embelezamento vem ativado por padrão, mas é só desligar para fotos mais condizentes com a verdade.
Bateria
Bateria é até parte do sufixo deste modelo e ele surpreende sim, com seus 5.000 mAh. No uso cotidiano, em um final de semana em Santos, eu consegui passar dois dias inteiros com o Moto G8 Power como meu único celular. Cheguei na manhã do terceiro dia com 9% de bateria sobrando, tudo isso com quase 8 horas de tela ligada e uso constante do Chrome, Podcasts, alguns raros jogos e muita fotografia - que vem tudo pra esse review.
Em um uso mais intenso, de quem tem tempo pra ficar usando o celular durante o horário de trabalho, dá para garantir um dia inteiro e o começo da tarde do segundo com uma só carga. O problema é que essa carga vai demorar para ser reabastecida.
Com o carregador que acompanha a caixa do Moto G8 Power, que é de 15 watts, foram necessárias duas horas e 40 minutos de tomada para sair do desligamento automático por falta de bateria, que aconteceu com 2% de energia sobrando, para voltar até 100% - isso com o celular desligado, o que acelera a recarga.
Ao menos em 30 minutos de tomada foram injetados 25% de energia, que pode ser o suficiente para voltar pra casa com tranquilidade.
Conclusão
Enfim, o Moto G8 Power é uma adição interessante pela Motorola. Ele tem corpo que lembra o Motorola One Macro, até com o mesmo visual das câmeras traseiras. A tela é decente para proposta de sua categoria, as fotos são boas durante o dia, mas ficam abaixo de alguns concorrentes de noite. A foto macro é legal, mas apenas para os stories que já comprimem bastante qualquer foto.
O que realmente é bom é a bateria, que pode te deixar fora da tomada por até três dias. Ela demora para recarregar, mas basta uma noite de sono que tá tudo bem. Olhando dentro da Motorola, o Moto G8 Power é uma boa compra mesmo com o preço de lançamento em R$ 1,6 mil, o que costuma ser raro.
Pulando para concorrência, a Samsung tem o Galaxy A50 que foi lançado por valor superior e o A51 é ainda mais caro. Então O Moto G8 Power consegue ser justo na proposta, mesmo com desempenho abaixo do esperado. Eu, se fosse comprar este celular, esperaria uns três meses para ver se o preço cai para algo perto de R$ 1,4 mil, que já começa a valer bastante.
Motorola Moto G8 Power - ficha técnica:
- Tela: LCD de 6,4 polegadas com resolução Full HD+ (2300x1080 pixels), proporção 19:9
- Processador: Qualcomm Snapdragon 665 octa-core de até 1,8 GHz e GPU Adreno 610
- RAM e armazenamento: 4 + 64 GB (suporte para cartão microSD de até 512 GB)
- Bateria: 5.000 mAh com carregamento Turbo Power de 15 watts
- Câmera frontal: 16 megapixels com sensor QuadPixel
- Câmeras traseiras:
- Principal: 16 megapixels (f/1,7)
- Ultrawide: 8 megapixels, campo de visão de 118 graus
- Macro: 2 megapixels (f/2,2)
- Teleobjetiva: 8 megapixels, zoom óptico de 2x
- Dimensões: 157 x 75 x 9,6 mm
- Conexões: USB-C, entrada de fone de ouvido
- Sensores: leitor de impressão digital na traseira, proximidade, acelerômetro, luz ambiente, magnetômetro, giroscópio
Moto G8 Power: muita bateria e pouca velocidade
Moto G8 Power: muita bateria e pouca velocidadepublicado primeiro em https://tecnoblog.net
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