Os áudios do Skype Translate e da Cortana não foram os únicos conteúdos revisados por funcionários a pedido da Microsoft. A companhia também analisou as gravações do Xbox com o objetivo de melhorar o reconhecimento de voz do console.
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A prática ocorre ao menos desde 2014, segundo relatos feitos ao Motherboard por alguns funcionários terceirizados da Microsoft. Eles c0meçaram ouvindo gravações do Kinect, lançado pela empresa ainda em 2013.
Em 2016, quando a Cortana foi levada ao Xbox, as gravações continuaram sendo ouvidas por humanos. De acordo com um ex-funcionário, a revisão de áudios do Xbox começou como uma pequena parte do serviço até se tornar mais da metade do que sua equipe fazia.
O console iniciava as gravações quando ouvia comandos como “Xbox” e “Ei, Cortana”. Em alguns casos, quando termos parecidos eram ditos pelos jogadores, o reconhecimento de voz do aparelho era ativado acidentalmente.
As gravações não intencionais se tornaram menos comuns com o tempo, mas continuaram acontecendo. Outro funcionário terceirizado aponta que boa parte do conteúdo era gravado sem o consentimento dos usuários, que diziam “Não” à Cortana em muitas ocasiões.
Como é possível imaginar para um videogame, a maioria dos áudios têm vozes de crianças. Elas davam comandos “Xbox, me dá todos os jogos de graça” e “Xbox, baixe o novo pacote de skins de Minecraft”.
O ex-funcionário informou ainda que era orientado a não falar sobre o seu trabalho com outras pessoas. “Eu lembro explicitamente de me falarem que ‘você provavelmente não deveria mencionar que era para a Microsoft’ durante o processo de contratação”.
Revisão de áudios não é mais necessária
A Microsoft afirmou ao Motherboard que parou de revisar qualquer conteúdo de voz gravado pelo Xbox há alguns meses por entender que a prática não era mais necessária. A companhia informa que não tem planos de retomar as revisões.
“Ocasionalmente, revisamos um pequeno volume de gravações enviadas de um usuário do Xbox a outro quando há relatos de que uma gravação violou nossos termos de serviço e precisamos investigar”, explica a Microsoft.
A empresa indicou ainda que deixa claro aos usuários que coleta dados de voz para melhorar os serviços habilitados por voz e que eles são, às vezes, revisados por fornecedores. Apesar da suposta clareza, a política de privacidade da Microsoft foi atualizada para explicitar que humanos podem ouvir gravações.
“Nosso processamento de dados pessoais para esses fins inclui métodos de processamento automatizados e manuais (humanos)”, informa a nova versão do documento.
“Estamos trabalhando ativamente em passos adicionais que podemos dar para oferecer aos clientes mais transparência e mais controle sobre como seus dados são usados para melhorar os produtos”, conclui o comunicado da Microsoft.
Vale lembrar que a fabricante não é a única a ter mantido uma revisão de gravações por funcionários. A Apple e o Google, por exemplo, escutavam comandos da Siri e do Google Assistente para melhorar as ferramentas e suspenderem a prática após ela ser revelada.
O Facebook prometeu deixar de transcrever mensagens de voz enviadas no Messenger. A Amazon ouve as gravações para melhorar a Alexa e informou que continuará fazendo isso, mas apenas com permissão dos usuários. Qual será a próxima a admitir a prática?
Microsoft também deixou funcionários ouvirem gravações do Xbox
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